8/10/2011

 

Militando Contra o Preconceito no Ninho Tucano.



Ter personalidade e assumir papeis determinantes na sociedade não é tarefa das mais fáceis. Muitos são mal interpretados, sofrem perseguição e preconceito por estarem em busca de mudança de transformação. Não há classe social nem tão pouco etnia, credo ou raça que possam definir o papel de um militante. Levantar bandeiras, colocar, literalmente a cara a tapa tem suas consequências e não  se deve esperar ser admirado por isso, nem sempre ou quase nuca se é. As consequências nem sempre são prazerosas, elas costumam ser dolorosas.

Desde novo, sempre me despertou ver as pessoas nas ruas levando bandeiras, gritando palavras de ordem, denunciando o que estava errado e etc. Eu confesso que nem sempre entendi , mas eu sempre vi um caráter de mudança nisso.

Hoje eu entendo e luto por mudanças em vários cenários dos quais me encontro, uma das maiores e mais difíceis lutas que enfrento estar dentro do Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB; essa é a primeira vez que vou tocar neste assunto, uma luta dura, cheia de dores, de decepções, e até de certa forma de vergonha. É uma luta difícil de ser compreendida, desejo que não seja vista aqui com o olhar do julgamento, mesmo porque o que farei aqui é parte de um ato de militância, parte de minha afirmação enquanto militante tucano, um desabafo, um alerta, uma advertência.

Quando entrei no PSDB em Janeiro de 2003, portanto quando o partido deixava de ser governo e passava a ser oposição, o fiz tomado pelo desejo de militar de maneira firme, pela continuidade de um processo de mudança que no meu entendimento começou no Brasil através dos tucanos. Encontrei um partido abatido pela derrota na eleição de 2002, desunido pelas vaidades daqueles que se consideram acima do partido, seus feitos, seus programas, sua ideologia e ainda tinham aqueles que pareciam ter vergonha dos feitos tucanos enquanto governo (estes tinha vergonha daquilo que me motivava a me filiar); para completar o quadro a situação no Rio era duas vezes pior, já que além da derrota nacional tínhamos também a derrota local deixamos de ser governo no estado. Nosso candidato tucano ao governo ficou em quarto lugar, isso foi um golpe duro demais para os tucanos fluminense e desestruturou todo o PSDB local (o nacional também). Neste cenário eu estava chegando ao PSDB cheio de vontade e energia enquanto que o partido mergulhava em uma profunda e silenciosa crise, abrindo brechas capazes inclusive de levar o partido a ruína, nada mais funcionava, a juventude deixou de existir assim como outros secretariados, tudo era provisório nunca se ouvia falar em algo que fosse certo, permanente. Foram tempos muito difíceis para os tucanos e ainda hoje sofremos as consequências de não termos na época certa percebido que apesar de não sermos mais governo a nossa força continuava em nós, não tínhamos as benesses do poder mais tínhamos a força da realizações dos feitos, das boas experiências. Não havíamos perdido a força e sim passado pelo processo da alternância de poder fruto da democracia que nós mesmos lutamos para conquistar. Desta maneira abrimos mão da força que tínhamos sem perceber, nos tornamos grandes  mais fracos, por valorizarmos somente o que nos dividia. Fomos enfraquecidos por nossas vaidades, por nossa incapacidade de sermos fortes na adversidade, de militar combativa-mente na oposição, na luta pelos ideais que nos unia, ainda hoje pagamos um alto preço, vivendo o reflexo da derrota de 2002.

É neste cenário que desde 2003 estou no PSDB e sempre achei que as muitas e dolorosas lutas internas que enfrentei era por conta dos aspectos que citei acima, até que para minha mais profunda decepção a reflexão me fez vê que , na verdade o que se revela como meu maior inimigo no ninho tucano é o preconceito racial e social solidificado em determinadas lideranças e militantes.

Esse preconceito racial e social é o punhal do PSDB.

Ser negro nunca me causou dificuldades na infância e ou na adolescência. Ser negro não me causou problemas na faculdade, no trabalho e ou em nas minhas relações pessoais. Não que eu percebe-se, até antes do PSDB o preconceito racial e ou social para mim não era algo presente. Eu nunca se quer havia pensado neste tema com profundidade, nunca pensei nas lutas afro-brasileiras com profundidade.

No PSDB por conta da cor de minha pele eu já fui chamado de bandido, de ladrão, de explorador de garotas de programas (gigolô), e por mais difícil que isso seja (inclusive e principalmente para mim) é sim cada vez mais claro que isso se da por conta da minha pele.

São pessoas vazias, pobres de espírito, miseráveis de valores, ocas na moral, mas não ignorantes, inocentes por falta de informação, muitos desses estão no topo de nossa militância na liderança de grupos e do próprio partido, agindo de maneira dissimulada, caluniadora e devastadora , iludem pessoas com discursos velados mais não menos preconceituosos, são falsos, são destrutivos representam um risco não apenas para o PSDB, mas para toda a sociedade. Trata-se do tecido podre da célula cancerígena do mau presente em nosso meio.

Confesso que nos últimos tempos tenho me sentido frustrado com tudo isso, com esses sujeitos, mas principalmente com aqueles que se deixam dominar por eles. Eles possuem a capacidade de induzir pessoas ao erro transformam erros em acertos como se isso fosse possível.

Eu lamento pelos fracos que se entregam ingenuamente a malícia dos maus.

E pensando na palavra MILITÂNCIA, bati o martelo nesta pauta: Vou continuar neste ninho agora com o olho bem aberto na direção das cobras venenosas, vou continuar lutando, me posicionando, falando o que tenho visto, sentido e percebido. Vou seguir levando minhas bandeiras de lutas, da liberdade, da consciência plena, livre e democrática, da mudança, da transformação. Permaneço na busca da diferença não de raças, credos, classe social mais da diferença moral que me difere deste sujeitos.

Eles não são o PSDB, apenas estão no PSDB, bem como estão espalhados  muitos destes pelo mundo a fora.

Neste sentido faz parte da minha missão, da minha militância combater este combate até que se complete a mudança a transformação necessária.


Dito isso prossigo para o alvo.


Marcos Cristiano Neves.



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