8/17/2006
Oposição vai ao MP contra Paulo Okamotto
O presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), anunciou ontem que o partido ingressará, junto com o PFL e o PPS, com uma representação no Ministério Público contra o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, por crime de perjúrio.
CONVOCAÇÃO -
Os partidos querem esclarecer definitivamente as diferentes versões apresentadas para o pagamento da dívida de R$ 29,4 mil do presidente Lula junto ao PT. Em entrevista na última quinta-feira ao Jornal Nacional da TV Globo, o presidente Lula desmentiu declaração de Paulo Okamotto ao afirmar que discutiu a quitação da dívida com o atual presidente do Sebrae. Na entrevista, Lula garantiu ter afirmado a Okamotto o seguinte: "Quer pagar, você paga; porque eu não vou pagar, porque não devo ao PT". A versão é diferente da apresentada por Okamatto durante depoimento à CPI dos Bingos em novembro do ano passado.
Na ocasião, o presidente do Sebrae afirmou que decidiu saldar a dívida sem antes consultar o mandatário da nação. "Isso é muito sério. Ou Okamotto desmente Lula ou já cometeu crime de perjúrio, uma vez que jurou à CPI dos Bingos falar a verdade", advertiu Tasso.
"Perjúrio é motivo de impeachment nos EUA. É algo que um presidente ou um homem público não pode fazer", afirmou Tasso, ao lembrar o caso do ex-presidente Bill Clinton. Segundo o tucano, Clinton só terminou o mandato porque teve a coragem de ir a público e explicar o caso envolvendo uma estagiária da Casa Branca.
O presidente do PSDB defendeu também a ida imediata do presidente do Sebrae à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para explicar os fatos. "Peço ao presidente da CCJ, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que convoque Okamotto imediatamente a esta Casa para prestar esclarecimentos", disse o tucano. Em aparte, ACM garantiu a convocação do presidente do Sebrae para o início de setembro, durante a terceira etapa do esforço concentrado. O pefelista disse ainda que vai pedir as gravações tanto do depoimento de Okamotto quanto da entrevista ao JN.
FESTIVAL DE MENTIRAS-
Na avaliação de Tasso, o presidente da República está patrocinando a banalização da mentira. "Não mentir à população é um valor fundamental. Se o mandatário da nação é um mentiroso contumaz, um falso, ele perde sua principal ferramenta de legitimidade: a credibilidade", lembrou.
O tucano lamentou que, com Lula no comando, o país esteja vivendo sob a égide da mentira e passe pelo maior festival de desfaçatez e falsidade da história. O presidente do PSDB se disse abismado porque o presidente não mentiu somente quando esteve sob pressão e sem auxílio de assessores durante a entrevista ao Jornal Nacional, mas também no primeiro programa eleitoral de sua campanha pela reeleição exibido em cadeia nacional. Na peça, Lula exaltou supostos investimentos do governo em obras de infra-estrutura. "Ele se apropriou, no programa eleitoral, de obras que nem saíram do papel, chegando a exibir fotografia de uma refinaria em Pernambuco que ainda está em fase de planejamento.
Com a força de sua popularidade, ele acha que pode enganar a população", lamentou.
"No caso do JN, ele mentiu ao afirmar que fez a Controladoria-Geral da União, obra de FH. Lula também mentiu com a maior desfaçatez ao dizer ainda que afastou os ministros Dirceu e Palocci", completou o senador.
O tucano destacou a existência de farta documentação e entrevistas do presidente dizendo que, se Palocci pedisse para sair, ele não deixaria. Quando o ministro foi obrigado a deixar o cargo por força dos escândalos, Lula lamentou a saída do "grande amigo". Houve ainda carta emocionada de Dirceu pedindo exoneração. Ou seja, não houve demissão. "Mentiu também ao dizer que afastou os envolvidos. Agora, acusa os ministros de estarem envolvidos naqueles escândalos? Não sei se ele mentiu ou não. Se falou a verdade, é uma acusação muito grave", concluiu.
Fonte: Agência Tucana
Fonte: Agência Tucana
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