9/18/2006
Governo tem quatro ex-ministros pegos pela PF
Vannildo Mendes
A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que 81% dos casos de corrupção desmontados pela Polícia Federal nasceram no governo Fernando Henrique Cardoso, quando esmiuçada, revela dados que constrangem o governo. De fato, várias quadrilhas citadas no balanço da PF, entregue por Lula a jornalistas durante entrevista à TV Bandeirantes na quinta-feira, nasceram em governos anteriores, sobretudo os de José Sarney (1985-1990) e de Fernando Collor (1990-1992). Embora possa capitalizar politicamente o bom desempenho da PF, o governo Lula ostenta um dado incômodo: quatro ex-ministros seus estão entre os apanhados em denúncias de corrupção investigadas pela PF. A quadrilha desmontada pela Operação Vampiro em 2004, na qual está indiciado o ex-ministro da Saúde Humberto Costa, já desviava dinheiro da saúde em 1990, no governo Collor, conforme constatou a CPI da Central de Medicamentos (Ceme). Além de Costa, são investigados José Dirceu (Casa Civil), acusado no inquérito do mensalão, Luiz Gushiken (Comunicação de Governo), acusado de irregularidades nos gastos com publicidade, e Antonio Palocci (Fazenda), indiciado pela violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa e em inquéritos por desvio de dinheiro público quando foi prefeito de Ribeirão Preto, na década de 90. Embora Lula reivindique os méritos do combate à corrupção, o governo anterior também realizou operações importantes, como as que desmantelaram quadrilhas que desviaram recursos das Superintendências de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Nordeste (Sudene). Foi um trabalho articulado da PF com o Ministério Público que desmantelou a megaquadrilha liderada no Acre pelo ex-deputado Hildebrando Paschoal. Também foi desmantelada pelo governo FHC uma poderosa organização dirigida pelo Comendador Arcanjo, em Mato Grosso, envolvida em desvio de recursos públicos e narcotráfico. Algumas quadrilhas, de tão antigas, passaram de pai para filho e já iam para a terceira geração. É o caso da máfia dos sanguessugas, que vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras com dinheiro de emendas parlamentares ao Orçamento da União. O esquema, montado na empresa Planam, em Mato Grosso, foi organizado na década de 90 pelo empresário Darci Vedoin e transferido para o filho, Luiz Antônio Vedoin, preso pela PF.Além disso, vários grupos desmontados agora tiveram o trabalho de investigação iniciado anos antes.
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